É, as dúvidas são muitas. Às vezes pode até parecer confuso, mas na verdade são duas coisas bem diferentes. Vamos então, descobrir o que cada um significa.
Jesus, quando indagado a respeito de qual seria o maior dos mandamentos, aproveitou para resumir os dez em apenas dois:
"E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo." Lucas 10:27
"E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." Mateus 22:35-38
Nós precisamos então nos preocupar com apenas duas coisas: amar a Deus acima de TODAS as coisas (acima de família, amigos, trabalho, bens materiais, etc), e amar o nosso próximo como a nós mesmos. Repare aqui em dois pontos:
- Deus precisa realmente estar acima de todas as coisas, pois caso contrário nós estaríamos comentendo idolatria, e Deus abomina a idolatria. Idolatria, aliás, não é ajoelhar-se aos pés de um pedaço de madeira ou seja lá o que for. Idolatria na verdade é colocar qualquer coisa no lugar de Deus, de modo que o Senhor não seja a coisa mais importante em nossas vidas. O que é mais importante para você? Seu cônjuge? Sua casa? Seu trabalho? Suas amizades? Seu carro? Seu pai, sua mãe, seus filhos? Idólatra! Deus precisa estar acima de toda e qualquer coisa.
- E o segundo ponto é o nosso próximo.
Certa vez perguntaram a Jesus quem é o nosso próximo. Jesus respondeu com a parábola do bom samaritano (Lucas 10:25-37) e ao final mandou que o mestre da lei que o interrogara fizesse o mesmo que o samaritano da parábola. Levando em conta este ensinamento, devemos ter como próximo toda e qualquer pessoa que passe por nossas vidas, independente de crença, estado social, condição financeira, raça, ideologia, grau de instrução.
Sabemos então que devemos amar o nosso próximo, e sabemos também quem é o nosso próximo. Mas o que é amar o próximo como a nós mesmos? Melhor, o que é amar??
Poderíamos escrever um livro inteiro dissertando a respeito do amor, tentando dar algum significado definitivo, e mesmo assim não chegaríamos a uma conclusão. Hoje em dia o amor está banalizado. Muitas pessoas falam que amam sem ao menos saber o que estão dizendo. Tantas palavras são ditas da boca para fora, apenas para ter algum efeito. Amor não é sexo. Amor não é sentimento. Amor não é achismo. Amor não são palavras. Amor é atitude, é decisão.
- Mas como assim amor não é sentimento? Eu sinto que amo aquela pessoa - você pode estar se perguntando isso agora.
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16
Deus não sentiu que amou o mundo. Deus AMOU o mundo! Se Deus se baseasse em sentimentos Ele poderia ter penssado duas vezes antes de entregar Seu único Filho, por aqueles que nem O conheciam, nem O amavam. Talvez até tivesse voltado atrás em Seu plano e cancelado tudo. Amor é decisão. É fazer, independente do que o coração diz. Amor é colocar em prática as palavras. É demonstrar com atitudes o que dizemos com a boca.
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." João 1:1
Jesus é o Verbo de Deus, ou seja, a Palavra. Jesus teve que se tornar homem para cumprir a vontade de Deus, ou seja, o Verbo se fez carne. Saiu do estado de apenas uma palavra e se tornou real, algo palpável. Deus tomou uma atitude, a de fazer de Seu Filho uma realidade para nós. Assim o amor de Deus foi expresso de forma concreta, verdadeira. O amor tem que sair das palavras, das promessas, e ser expresso através de atitudes, ações. Você realmente ama? Demonstre! Caso contrário serão apenas palavras ao relento, sem significado e sem verdade.
Certa vez ouvi uma frase: "Dizer que ama é fácil, amar mesmo é difícil".
Como vimos, Jesus decretou o segundo maior mandamento como sendo amar o nosso próximo como a nós mesmos. Jesus não nos deu uma condição, Ele nos deu uma ordem! Por este motivo também é que o verdadeiro amor não é um sentimento. Você tem que decidir se vai amar alguém ou não.
- Mas como eu amo o meu próximo como a mim mesmo?
De várias formas, mas a mais simples é desejando para ele o que você quer para você mesmo. Você quer tudo o que o céu pode dar do bom e do melhor para você, não é mesmo? Deseje isso para o seu próximo também. Desejar isso para os nossos amigos e para as pessoas que nos fazem o bem é muito fácil. Agora desejar uma vida próspera, feliz e realizada para os nossos piores inimigos, para aquelas pessoas que apenas nos desprezam e nos pisam de todas as formas possíveis e imagináveis, é muito difícil. E aí é que você vai descobrir se consegue amar o seu próximo incondicionalmente ou não. Quando você decidir amar aquele que te caluneia, e orar para que ele seja abençoado, aí sim você o estará amando. Este é o verdadeiro amor, o amor que Deus espera que nós tenhamos. E não é apenas desejar, é demonstrar com atitudes que você quer que ele prospere verdadeiramente. Lembre-se, o amor está além das palavras. Então perdoe, humilhe-se, sirva, seja o menor. Assim você estará amando.
Agora nós entramos no ponto chave de toda a questão: Jesus nos manda amar nosso próximo, sendo ele quem quer que seja, inclusive nossos inimigos, ou seja, pessoas que não gostamos. Opa! Então amar é diferente de gostar!? Sim, é diferente.
Gostar, ao contrário de amar, é sim um sentimento. Como eu disse antes, Deus não sentiu que amou o mundo. Deus o amou. A Bíblia também não diz que "Deus gostou do mundo". Deus o amou. O grande problema é que nós confundimos muitas vezes sentimento com decisão, e nos perdemos em meio às nossas palavras e atitudes. Acabamos fazendo uma grande bagunça.
Nós podemos escolher as pessoas que queremos por perto, que são geralmente as que nos agradam, nos fazem sorrir e nos ajudam em momentos difíceis. Não precisamos manter por perto pessoas que apenas nos aborrecem. Podemos escolher apenas as pessoas que gostamos para ter como companheiros.
Gostar é como estar apaixonado, o vento passa, e amanhã podemos não sentir mais nada. Hoje podemos gostar, amanhã não mais. Mas o amor, esse nunca pode ser alterado. É eterno. Veja porém que o gostar a que me refiro não está restrito à paixão de um homem por uma mulher, mas está sim ligado a qualquer tipo de relacionamento interpessoal.
Podemos escolher gostar, mas não podemos escolher amar. Não precisamos obrigatoriamente gostar para amar. Muito pelo contrário, devemos amar incondicionalmente de gostar.
Se amamos não quer dizer que gostamos. Gostar é como um bônus, pois o amor já deve estar presente.
Podemos concluir então que Deus nos fez para amar e esta é uma ordem que temos que cumprir, mas podemos e devemos escolher as pessoas que devem estar ao nosso lado. Temos o livre arbítrio para gostar ou não.